Você se lembra quais eram os preços do combustível nas bombas até semana passada? E no mês passado? Tente se lembrar, é um exercício fácil.
Seja de carro, ônibus ou caminhão, indo trabalhar, estudar ou passear, é quase impossível passar despercebido pela crescente dos valores de combustíveis dos últimos meses, senão, do último ano.
Apesar deste aumento refletir, direta ou indiretamente, na vida de todo brasileiro, aqueles que trabalham com transporte (seja de carga ou de pessoas) são os mais afetados. Isso porque o custo com combustível é o que define, diretamente, outros custos, como valor do frete cobrado pelos caminhoneiros que abastecem as cidades com alimento, o próprio combustível, medicamentos, entre outros. Resumindo, o funcionamento do nosso dia a dia como conhecemos, é totalmente dependente de um sistema de transporte rodoviário que funcione bem, em todas as frentes.
O aumento abusivo nos preços de combustíveis é uma dentre as reivindicações que movimentam a categoria dos caminhoneiros a protestar desde o último dia 21.
Vamos entender, rapidamente, o que está sendo reclamado?
Aumento dos preços dos combustíveis
Como mencionamos anteriormente, o principal motivo das reivindicações é o aumento do preço do combustível. Os caminhoneiros visam reduzir o peso de tributos sobre o óleo diesel, principalmente, além de uma revisão na política de preços dos combustíveis da Petrobras, que vem aumentando, diariamente, os preços nas bombas por carregar uma política de alinhamento dos preços nacionais àqueles cobrados no mercado internacional.
Pagamento de pedágios
Outra pauta discutida nas manifestações, desde a semana passada, é a cobrança de pedágio por eixo levantado. Isso significa que os caminhões, mesmo quando vazios e, por isso, com um dos eixos levantado, pagam pedágio também por este eixo que não está em uso. Além dos custos com combustível, pedágio e outros tributos são colocados no cálculo do frete que, por sua vez, não é proporcional ao aumento dos preços citados acima.
Como isso afeta o dia a dia?
Antes de falarmos de como a greve e, consequentemente, a falta de combustível afeta o dia a dia das frotas, é importante reforçar que, apesar das cidades estarem abastecidas de alimento, combustível e outros recursos, antes do início das manifestações, os pontos levantados pela categoria dos caminhoneiros, já afetavam o desenvolvimento de um trabalho bem feito.
O trabalho dos caminhoneiros é tão importante para o funcionamento do país que, em 9 dias de paralisação, toda a população já pode sentir os efeitos. Apesar do governo federal ter iniciado as negociações necessárias, como não existe um representante único das manifestações, as prefeituras têm tomado medidas pontuais para tentar driblar as dificuldades e reduzir o máximo possível do impacto para a população.
No Sul e Sudeste, áreas mais afetadas com a falta de abastecimento, os ônibus municipais circulam com frota reduzida, em São Paulo os ônibus rodam com 70% da frota em horários de pico e 60% em horários normais. O rodízio de veículos está suspenso, linhas de trem e metrô estenderam os horários de funcionamento, a coleta seletiva de lixo está suspensa (a coleta comum acontece normalmente até o momento), nos postos de saúde e hospitais foram suspensas cirurgias eletivas e dá-se prioridade para atendimentos emergenciais. Em outras frentes, o sistema funerário paulistano ainda funcionará com autonomia por pelo menos um dia.
A prefeitura do Rio de Janeiro informa que as aulas da rede municipal voltarão ao normal no dia de hoje (29), bem como o transporte público, a rede pública de saúde funciona, mas priorizando também casos emergenciais, e outros serviços, como coleta de lixo, não serão afetados.
Caminhoneiros autônomos somam 40% da participação nas manifestações e é claro que 9 dias sem trabalhar, resulta em um déficit considerável na renda familiar de cada um, agora imagine para um gestor de frotas com 5, 10, 50 ou mais caminhões! Por isso, é de extrema importância que voltemos nossas atenções ao fato de que os resultados desse movimento, bons ou ruins, afetarão não somente os caminhoneiros, mas toda a população e elucidar que, apesar de uma única categoria estar à frente das manifestações, as razões que os levaram até lá fazem parte do nosso dia a dia também.
O que já foi feito até agora?
Acompanhando a lógica da nova política de preços do combustível, adotada pela Petrobras a partir de Julho de 2017, o preço da gasolina já foi alterado 116 vezes nos últimos 6 meses e o do diesel 120 vezes. De acordo com a empresa, o frequente reajuste de preços possibilita a companhia a competir de maneira mais ágil e eficiente com importadores, e ainda, que o principal fator para o aumento do preços da gasolina é o aumento de impostos.
No último domingo (27), o atual presidente, Michel temer, anunciou redução de R$ 0,46 (quarenta e seis centavos), referentes à impostos, no preço do diesel por 60 dias. Este valor, segundo ele, corresponde aos valores de PIS/Cofins e Cide somados, o presidente anunciou, também, que a partir desta decisão, os reajustes nos preços do combustível serão feitos mensalmente, e não diariamente como antes.
Ontem (28), 8º dia de paralisação dos caminhoneiros, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) mencionou ainda 556 pontos de manifestação, mas que nenhum deles obstrui a passagem de outros carros ou caminhões, eles permanecem parados nos acostamentos. Apesar da decisão anunciada por Michel Temer e da redução no número de manifestantes, caminhoneiros permanecem parados, como é o caso dos protestos no Km 280 da rodovia Régis Bittencourt.
De acordo com Carlos Alberto Dahmer, presidente do SINDITAC (Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga) e José da Fonseca Lopes, presidente da ABCAM (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), as reivindicações foram atendidas pelo governo, mas pode levar tempo para que o movimento se dilua, uma vez que não está sendo comandado por uma única instituição. Além desta, a mídia televisiva cogita motivação política como justificativa para a continuidade da paralisação, contudo, as medidas anunciadas no domingo parecem ainda não estar de acordo com as solicitações da categoria.
O governador de São Paulo, Márcio França, se reuniu nesta terça-feira (29), com alguns representantes dos caminhoneiros que protestam no estado e teve como pauta a fixação do frete por portaria e publicação de uma tabela de preços mais claras, congelamento dos R$ 0,46 do diesel com data de referência o dia 19 e remoção de multas e punições neste período de paralisação. Quando questionado sobre uso da Tropa de Choque, o governador diz não ser possível afirmar, uma vez que em todos os momentos o diálogo foi sempre proposto.
A FUP (Federação Única dos Petroleiros) e os sindicatos filiados convocaram a categoria dos petroleiros a uma greve de advertência de 72 horas, com início na quarta-feira (30), a Petrobras enviou, nesta segunda-feira (28), uma carta ao empregados da companhia, solicitando que reflitam sobre a paralisação, dizendo não acreditar que esta seja a melhor forma de alcançar os resultados.
A paralisação dos caminhoneiros, em prol da redução dos preços dos combustíveis e condições mais justas de trabalho e consumo, completa hoje 9 dias. Continuamos acompanhando as novidades, esperando que sejam tomadas decisões justas e que, rapidamente, não só normalize nosso dia a dia, como melhore-o.
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