Após alguns meses de paralisia durante a pandemia, a indústria automobilística começou a se recuperar ligeiramente. Os financiamentos de veículos, embora com saldo praticamente estável, apresentaram um crescimento expressivo nas concessões do mês de junho, de 44,8%. Os dados são do Banco Central (BC). Para especialistas do setor, a melhora na oferta de crédito tem contribuído para uma recuperação ainda que modesta das operações.
Em junho, o valor de novos negócios de crédito contratados por pessoas físicas para a compra de veículos foi de 9,061 milhões de reais, enquanto em maio foi de 6,259 milhões de reais.
As entidades representantes da indústria automotiva também sentiram sinais de recuperação do mercado. Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de julho atingiu 170,3 mil veículos, alta de 73% em relação a junho, mas ainda queda de 36,2% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Para Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, o cenário exige prudência:
“O volume diário de vendas é apenas 20% maior que a de junho, por isso precisamos ser cautelosos ao analisar a recuperação no segundo semestre do ano. Em estados importantes do país, os casos de Covid-19 estão aumentando e nossa epidemia não parou. Assim como quando estamos em uma estrada sinuosa e há muita neblina, é difícil ver o horizonte com clareza” – avalia Moraes.
A compra de veículos seminovos também apresentou crescimento, crescendo 53,07% em julho, comparando com o mês anterior, considerando as operações envolvendo automóveis, caminhões, ônibus e motocicletas. As operações totalizaram 1.139.805 unidades, contra 744.642 em junho, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
A melhoria da oferta de crédito contribuiu para o resultado, diz o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr.
Vendas de seminovos ajuda na recuperação da indústria automotiva
A reabertura de concessionárias trouxe resultados positivos para o setor automotivo. De acordo com dados divulgados pela Federação das Associações das Concessionárias de Automóveis (Fenauto), entre os dias 20 e 26 de julho, a média diária de vendas de carros usados aumentou 8,02% em relação à semana anterior.
Esses números também mostram que, após o início da pandemia, a recuperação do comércio de carros seminovos foi maior do que a do mercado de carros zero quilômetro. Para efeito de comparação, as vendas de automóveis novos e comerciais leves em junho de 2020 caíram 42,5% em relação ao mesmo período de 2019, enquanto a queda no setor de carros usados foi de apenas 32,1%.
Segundo dados da Fenauto, entidade que reúne lojistas e agências de seminovos, o segmento mais do que dobrou em julho. Mais de 1,14 milhão de unidades foram comercializadas no mês passado.
O setor foi puxado pelos carros com mais de 9 anos de uso. Os chamados usados maduros (9 a 12 anos) movimentaram 278.838 negócios em julho, alta de 73%. Já os conhecidos como velhinhos — com mais de 12 anos de fabricação — resultaram em 325.768 unidades vendidas, um crescimento de 70%.
No segmento de usados jovens (de 4 e 8 anos de uso) o aumento nas vendas foi de 42,6%, com 379.512 unidades. Entre os seminovos (até 3 anos), a alta foi de 17,6%, graças às 159.608 transações registradas em julho.
No acumulado do ano, o setor de carros seminovos e usados já soma mais de 5,68 milhões de unidades. O número ainda é 30,5% menor em relação ao desempenho dos sete primeiros meses de 2019, devido aos efeitos da pandemia do novo corona vírus.
Mesmo com as perdas registradas no início da quarentena, a Fenauto acredita na recuperação geral do setor e espera alcançar os mesmos resultados alcançados nas vendas de 2019 até o final deste ano. Se o ritmo continuar o mesmo, este ano pode terminar nas mesmas condições do ano anterior.
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